quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

[História] O Resgate das Chinchilas

Oi, gente! Faz muito tempo que não posto aqui, mas faz mais tempo ainda que não escrevo história nenhuma, principalmente sobre meus velhos personagens em Pullips e outros dolls da groove. Mas ontem durante a madrugada (sempre durante a madrugada!) me bateu uma inspiração após fazer fichas da Elle, Nana e Tsubasa. Fiz as fichas apenas por diversão, mas acabei ficando com vontade de escrever algo envolvendo as três. Vou mostrar as fichas e postar a história.
Ah, só uma curiosidade: Antes de fazer as fichas pesquisei "secret file" no google pra ter umas ideias, e achei uma ficha "secreta" de um mafioso italiano, pertencente ao governo dos EUA. Me baseei nela pra fazer a das minhas garotas. É como se fossem arquivos mantidos por algum governo, sobre gente suspeita que eles vem investigando há anos, mas não tem sucesso em descobrir muito mais do que rumores.
Boa leitura! ^_^




O Resgate da Chinchila

- Nana, quer ir ao cinema hoje à noite? Cain está estudando, como sempre. - revira os olhos com desdém ao falar sobre o namorado. - Porque ele não cola? 

A morena quase aceitou, mas imediatamente lembrou-se que já tinha outros planos.

- Não dá. Hoje preciso ajudar uma amiga... Lembra da Tsubasa, a garota mágica?

- Sua amiga vegana doida do Japão? Sim. - ri ao dizer. - Deixa eu ir junto então, sempre quis conhecer a famosa Kitty Grrrrrrrl.

- Não precisa ficar rosnando por dois minutos cada vez que diz Kitty Grrl. - ri também. 

***

À noite, num lugar feio que pareceria totalmente abandonado se não fosse por uma grande construção pichada, que parecia ser uma fábrica, três garotas se encontraram.

- OH-MEU-DEUS. - escandalosa como de costume, Elle grita ao ver Tsubasa. - Você MUITO fofa! Tipo, demais! Olha esse cabelo cor de rosa!!

- Shhh! - Tsubasa se apressa em tentar silencia-la, enquanto Nana já se arrepende por te-la trazido. - Obrigada... Mas por favor, faça silêncio! - olha nervosamente para os lados.

- Tsubasa, essa é Elle. - Nana aponta para a loira. - Elle, essa é Tsubasa. Mas não vamos perder mais tempo conversando, temos algo a fazer aqui, não é?

- Uh! Que fria! Vocês não se veem há meses, Nana. - Elle provoca.

Revirando os olhos, Nana dá um rápido abraço em Tsubasa, que ri do jeito da velha amiga que nunca foi exatamente muito boa com essa coisa de emoções.

- Obrigada mesmo por virem aqui me ajudar. Não sei se a Nana te contou, mas eu estava com o grupo que tentou invadir isso aqui ontem. - se dirigindo à Elle. - Teríamos conseguido resgatar as chinchilas, mas a polícia estragou tudo quando enfentou o grupo de black blocks que estava vindo nos ajudar, antes que chegassem aqui. Então essa madrugada somos só nós três.

- Eu não diria "só", Tsubasa. Sabe que você não é a única que tem poderes aqui, né? - Nana comenta, sorrindo misteriosamente.

- Sim... Eu sei. - Tsubasa abre o sorriso, sentindo-se mais confiante. - Vamos, então. A gente vai derrubar a porta dos fundos, que já leva um corredor onde teremos acesso ao lugar onde deixam os animais.

***


Elle se joga com força contra a porta, assustando Tsubasa mas não Nana, que conhecia perfeitamente os poderes da amiga. Não apenas a porta é arrancada da parede e cai no chão à frente, mas a própria parede fica toda quebrada e rachada ao redor. O alarme de segurança dispara.


- E-eu estava pensando em ser discreta! - diz com os olhos arregalados. 

- E eu em ser rápida! - Elle está rindo quase o tempo todo, do jeito descontrolado que lhe é de costume quando a adrenalina começa a fazer efeito.

- Ela é louca mas tem razão. Devemos tirar os animais do sofrimento o mais rápido possível, não? - Nana concorda.

Consentindo num rápido aceno de cabeça, Tsubasa entra no corredor sendo seguida pelas outras.
Não demorou nada para que dois seguranças, que estavam mais próximos do corredor, encontrarem-nas.

- PARADAS! - um deles grita, e os dois apontam armas.

Antes que Tsubasa pudesse pensar em qualquer coisa, Elle já havia agido.
Nana permanecia em tranquilidade total, apenas observava enquanto a loira agilmente se jogava em cima de um dos guardas, jogando-o no chão, e ao mesmo tempo puxava o outro pelo braço de modo a lança-lo longe. A garota mágica estava prestes a elogia-la, quando a ve quebrando o pescoço do homem.

-ELLE! O que você fez?! 

- Hein? 

- Nós NÃO matamos ninguém enquanto fazemos um resgate!!

- Você não mata ninguém. - diz ao levantar-se e ir em direção à ela. - Eu sim. - abre um enorme sorriso.

- Mas que merda, Elle. Será que dá pra você ser mais burra? Quer que comecem a associar assassinato com os resgates da Kitty? - Nana a repreende.

- É só um humano. - Elle dá de ombros. - Quanto menos, melhor.

- Eu e Nana somos só humanas também, droga! Vamos logo, o outro está desmaiado, deixa ele lá. Os animais ficam na porta ao fim do corredor.

- Mas você também não gosta tanto assim da própria espécie, não é, Kitty? - Elle continua a segui-la, mas provoca. - Caso contrário não acharia os animais tão importantes, mais importantes até que os humanos.

Tsubasa não respondeu, porque no fundo sabia que aquilo talvez fosse verdade.
Uma pessoa que coloca a vida dos humanos muito acima da de outras espécies não teria recebido o poder mágico para salvar animais que Tsubasa tinha, não é verdade?

Ao arrombarem a porta, se depararam com um galpão grande e muito sujo, repleto de chinchilas. O lugar fedia a fezes e urina de animais, e um olfato mais apurado poderia também identificar o cheiro de sangue que vinha de um ou outro que não havia dado tanta sorte nos testes que lhe foram designados.

- Que horror... - É tudo que Nana consegue dizer, enquanto as outras amaldiçoavam mentalmente aquela empresa de cosméticos que lucrava em cima do sofrimento de tantas criaturas.

Tsubasa ergue, esticando o braço direito, o bastão que havia carregado consigo o tempo todo. Ele tinha cerca de metade da altura da garota, e na ponta havia algo como um cristal rosa grande num formato que parecia ser a cabeça de um gato. Nana podia sentir o poder daquele instrumento. Era um poder latente extremamente forte, cuja força vinha da vontade do coração de Tsubasa e de seu amor infinito pelos animais.

- TODOS OS ANIMAIS QUE AQUI SOFREM... LIBERTEM-SE! - Tsubasa grita e sua voz ecoa no ambiente, invadindo o galpão do mesmo modo que o brilho intenso do cristal em formato de gato fazia. No momento seguinte, não havia mais qualquer sinal das chinchilas.

- Pra onde os animais foram?! - Elle pergunta, surpresa.

- Para casa. - Tsubasa responde, sorrindo satisfeita. - No caso, eles voltaram para os Andes.

- Mais uma missão cumprida, meus parabéns. - Nana a elogia.

- Vamos sair logo daqui, com certeza tem mais guardas chegando no corredor.

***

Enquanto o sol começava a nascer, as três amigas descansavam no bosque que circundava a misteriosa casa de Nana.

- Muito obrigada, garotas. Sem vocês eu não conseguiria. Meu poder é apenas para ajudar diretamente os animais, não sou forte nem nada assim.

- Claro que você é forte. Só que sua força é diferente da que a Elle tem. 

- Ah... O dever cumprido! Que orgulho, deve ter sido a primeira boa ação que fiz nessa vida. - Elle diz enquanto se espreguiça.

- Dá próxima vez que eu estiver por aqui, vou te dar a chance de se sentir assim de novo, então! - Tsubasa sorri simpaticamente. - Só tenta não matar ninguém, tá?

- Aff... Que seja. - ainda que reclamando, concorda em fim.

- Pra onde você vai agora? - pergunta Nana.

- Pra uma cidadezinha na China, onde tem uma fábrica de produtos de limpeza que fazem coisas que me recuso a descrever com cachorros e coelhos. - responde com ar triste. - Mas... Antes de ir, na verdade preciso pedir mais um favorzinho pra vocês.

- Pode falar. - a morena a incentiva com um sorriso.

- Podem cuidar da minha irmãzinha por um tempo? - pede timidamente.

- É claro! Estou com saudade da Moka, da última vez que a vi ela era tão pequena.

- Ótimo, mais uma pirralha na casa. - Elle reclama, escondendo o rosto nas mãos.

Como se tivesse ouvido sua deixa, uma adorável menininha de cabelo rosa aparece próxima a elas, correndo animada por entre as árvores.

~Fim



sábado, 28 de junho de 2014

Frankie e Draculaura Sweet Screams

Certa noite, na casa da Frankie, havia uma festa do pijama. 
Quando todas já estavam dormindo, Draculaura (que é doida por doces)
acordou e resolveu comer vários doces antes de voltar a dormir. 
Mas teve um pesadelo bizarro!
E pior: Frankie, que já estava dormindo, começou a ter o mesmo pesadelo 
junto a Draculaura. No pesadelo, tudo parecia ser feito de doces (inclusive suas
roupas e seus bichinhos - Watzit e Count Fabulous). E seus amigos de Monster High
estavam presos em doces gosmentos por todo lugar. Agora, Draculaura e Frankie precisam
soltar seus amigos para ver se algum deles as ajuda a descobrir como despertar desse pesadelo!


A história acima é narrada, em versos, nos livrinhos que acompanham as bonecas. Ganhei elas de aniversário (faço em fevereiro, mas o presentes vieram meio atrasados haha) ontem, e pensei em fazer logo um post aqui mostrando um pouco mais dessas lindas! As duas são maravilhosas, adorei o estilo das roupas e da maquiagem. Mas, como sempre, minha favorita é a Frankie. :)


As suturas pelo corpo da Frankie têm uma cor diferente, são azul claro.

 



Sapatos da Frankie.
.Sapatos da Draculaura.


Watzit.
Count Fabulous.
Sem o casaco e sem a gravata.
Para finalizar, mais duas fotos que tirei hoje delas! Até mais. ^_^




sexta-feira, 27 de junho de 2014

Tag: Pullip

Olá!
Esse post é mais pra deixar registrada minha participação na Tag que a Malú criou lá no grupo. São oito perguntas (nove, se você contar a sugestão final como pergunta também) que devem ser respondidas por você num vídeo.

1 - Como conheceu as Pullips?
2- Qual foi sua primeira doll?
3- Qual sua favorita?
4- Como você escolhe seus nomes e personalidades?
5- Onde você compra suas dolls?
6- Onde você compra acessórios em geral (roupas, sapatos, perucas, etc...)?
7- Como está sua wishlist atualmente?
8- Dê uma dica de como fotografá-las.
Indique três galerias inspiradoras. 




Até mais! ^_^

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Barbies dos Anos 80 e 90

Que tal falarmos um pouquinho sobre Barbies? Mas não as Barbies que os colecionadores costumam preferir - que seriam as Silkstone e aquelas edições especiais para colecionadores - mas sim sobre Barbies dos anos 80 e 90!

Barbies da Luly!

Na minha opinião elas tem algo especial, uma coisa meio mágica que eu particularmente não sinto nas Barbies atuais. Embora eu não seja saudosista, sou assumidamente nostálgica e isso provavelmente me influencia a sentir essa coisa especial pelas Barbies antigas... Mas não é só isso. Quase todo mundo concorda que o rosto dessas Barbies antigas era mais simpático, que seu sorriso era mais natural e delicado. É fato que, em todas as épocas - e isso inclui hoje em dia - existiram diferentes moldes de rosto de Barbie, mas na imagem abaixo comparo os mais comuns de cada fase. Por falar nisso, clique aqui para ir até onde encontrei a foto da Barbie à esquerda. 


Percebeu que uma das maiores mudanças foi nos olhos? Eles não só eram maiores, como tinham mais cores. Nos anos 80 e 90 podemos ver que as Barbies tinham olhos verde-água, azul bebê, e até mesmo lilás! Sem falar nos cílios, que muitas vezes eram coloridos também. E isso é o que mais me encanta nas Barbies antigas!

As três fotos (e as três Barbies) pertencem à Luly.
Tive muitas Barbies quando era criança, mas com o passar do tempo foram sendo doadas e só guardei três, as minhas favoritas. Dessas três, apenas uma tem esse molde de rosto semelhante ao das Barbies acima (é a Butterfly Princess, igual à daquela foto comparativa). As outras duas também são lindas, mas o molde de seus rostos é diferente. Uma é de 1998 (Giggles 'n Swing Barbie, que vinha com um balanço e com a Kelly) e a outra é de 2001 (Bedtime Barbie, que tem o corpo todo de pano).

Foi a Luly do blog Pastel Cubes que fez com que eu me reapaixonasse por essas Barbies! A Luly coleciona alguns brinquedos dos anos 80 e 90, e tem várias Barbies lindas que me fizeram enxergá-las de um modo diferente. Estou até mesmo pensando em comprar uma Barbie dos anos 80 no eBay! Caso eu faça isso, vocês saberão, porque com certeza farei um box moment pra postar no aqui. *-* 

Ah, e esse é o Flickr da Luly, caso vocês queiram acompanhar suas fotos fofas. Falando nas fotos fofas dela... Vamos ver algumas?

Birthday Wishes (1990) e Tooth Fairy (1994)
Olympic USA Ice Skater (1997)
Skipper - Teen Fun (1987)
Midge e Barbie - Fun Times (1989)

 Eu não podia fechar esse post sem mostrar uma foto da minha Barbie favorita, né? 
Essa linda está comigo desde 1998!

Diferente da Butterfly Princess que eu mostrei antes, a minha não tem mais o penteado original.
Mas até que está bem conservada, não?

[Review] Ariel - Signature Collection



O que me encantou logo à primeira vista nessa boneca foi a semelhança incrível com a Ariel do desenho. Esses olhos gigantes me conquistaram! Deve ser pelos olhos e pelo sorriso que ela se torna tão fotogênica. Em qualquer foto que se tire dessa boneca, ela fica linda. Não há ângulo ruim.

Sua cauda é removível. Basta soltar o velcro atrás.





As pernas dela dobram apenas para os lados, para que os movimentos da cauda fiquem mais naturais. A única coisa ruim disso é que não há como dobrar os joelhos do modo normal.


No vídeo abaixo você pode ver Ariel sendo movimentada.



Até mais! ^_^

domingo, 20 de abril de 2014

[História] Como Angelo e Nerissa se Conheceram

Depois de mais de dez anos, Angelo estava finalmente de volta à Itália. Dessa vez, acompanhado do irmão mais novo e de um enorme peso no peito.
Sua avó, quem havia cuidado dele a vida toda no Brasil, falecera subitamente durante uma noite qualquer - ao que tudo indicava, enquanto dormia.

Era desejo da avó que fosse enterrada na terra natal, e por isso Angelo e seu irmão estavam agora na enorme casa de campo do novo marido de sua mãe.

- Angelo, Nico... O que estão fazendo aqui dentro? Olhem que dia mais lindo! Deviam aproveitar um pouco o sol e passear por aí. Vocês estão no sul da Itália, o lugar mais lindo do país.

"Lugar mais lindo? Quando eu era criança, só lembro de te ouvir reclamando que era o 'mais pobre'." Angelo pensou, amargurado. Sentia raiva do modo como aquela mulher agia, parecia não ter dado a mínima para a morte da própria mãe.  "Agora que você deu o golpe do baú nesse babaca e tá aqui num casarão, você acha o lugar lindo, né?"

Notando que nenhum dos meninos iria lhe responder, ela saiu do quarto, revirando os olhos como se não entendesse porque estavam tão desanimados.

Mas ao notar o ar deprimido do irmão, Angelo mudou de ideia e achou que seria melhor realmente tirá-lo dali.

- Ei, Nico... Quer ver as macieiras? Eu te levanto e você pega algumas do próprio pé!

-  E vai dar pra gente comer as maçãs assim? Na hora? - o pequeno pareceu confuso. A pobre criança estava tão acostumada com a vida na cidade que nem lhe passava pela cabeça que as frutas vinham diretamente das árvores, prontas para o consumo imediato.

- Claro! Vamos lá.

***

De fato, sair da casa havia feito bem ao irmão. Nico correu animado pelo meio do mato e até arriscou subir em árvores, mostrando ser tão selvagem quanto o próprio Angelo era quando criança e morava no sul da Itália.

Distraindo-se do irmão por alguns minutos, Angelo sentou na sombra de uma árvore. Mas levantou logo em seguida ao ver uma moça desconhecida andando ao longe, por entre as nespereiras.

- Que foi, Angel? - Nico se assustou ao ver o outro levantando num salto. - Sentou num formigueiro, é?

- Olha lá... - apontou para a garota. - A gente não conhece ela, né? Não é nenhuma das empregadas da casa... Nem se veste como uma, também. - mesmo longe, dava pra perceber o quanto o vestido floral e rendado da menina era bonito.

- Amor à primeira vista! - Nico riu, pulando alegre ao redor do irmão. - Tá apaixonado!

- Cala a boca, nem conheço ela... - Angelo riu também, mas não podia negar a atração súbita que havia sentido. - Mas que tal conhecermos? - puxando o irmãozinho pela mão, seguiu em direção à desconhecida.

Não foi difícil alcançá-la, pois ela havia parado de andar e estava de cócoras, recolhendo flores e guardando-as na cesta que carregava.

- Olá! Você mora aqui por perto? - atirado como sempre, Angelo se aproximou de repente já mostrando seu melhor sorriso.

A menina levantou o rosto e olhou seriamente para Angelo, ainda que parecesse um tanto tímida.

- Preciso ir!- disse rapidamente, com o rosto avermelhado. Ficando de pé, correu para longe dos irmãos.

- Espera!

- É... ela fugiu de você. - Nico comentou, segurando o riso.

- Ela é esquisita, né...? O cabelo dela era cinza, ou foi só impressão minha?

- Acho que era meio cinza, sim!

***

"Ela é estranha, mas é também estranhamente bonita."
Já era noite, e Angelo ainda não conseguia parar de pensar na menina. Nico dormia ao seu lado, na segunda cama de solteiro do quarto de hóspedes.

"Só vamos ficar mais um dia na Itália... Se eu não a encontrar de novo ainda hoje ou no máximo amanhã antes do voo de volta do Brasil, acho que nunca mais a verei na vida."

*

Enquanto isso, não tão longe da casa onde os irmãos Bertoncinni estavam, a garota do cabelo cinza discutia mais uma vez com a sua "guardiã".

- Para de negar! Eu sei que foi você! Você armou alguma coisa, não foi? - ela não desistia de questionar a velhinha, que bufava impaciente.

- Não fiz nada, Nerissa! Sei lá quem é o garoto que você encontrou. Você disse que não queria nenhum feitiço romântico que te ajudasse a encontrar um homem, então eu não fiz nada.

- Nooooossa! Que coincidência, então! Nós temos uma discussão porque você acha que eu devia "sair para conhecer o mundo" - disse fazendo aspas com os dedos - e para "me apaixonar", e de repente, boom! Vinte minutos depois tem um doido vindo na minha direção todo sorridente.

- Eu diria que isso é o destino. - sentando-se à mesa simples de madeira, a senhora tomou um gole do chá recém preparado.

- Destino... Yubaba, eu sei bem o quanto a senhora gosta de manipular o destino. - balançou a cabeça, cansada. - Vou sair um pouco, preciso dar uma arejada na cabeça, sei lá.

*

- Isso é muita burrice minha, quem disse que ela vai simplesmente aparecer por aqui de novo? - Angelo falava sozinho, enquanto andava ao redor do lugar onde tinha visto a garota.

"Ah, não acredito. Esse garoto não ficou aqui o tempo inteiro me esperando voltar, né?" - Nerissa pensou ao vê-lo.

- Ah! Aí está você. - ela não conseguiu sair dali antes de ser notada.

- Hm... Você estava me procurando?

A leve frieza na voz de Nerissa fez com que Angelo fechasse um pouco o sorriso e se sentisse sem graça.

- Não... Quer dizer, mais ou menos... Mas não fuja! - disse depressa. - Eu só queria perguntar seu nome.

- Me esperou no mesmo lugar por mais de três horas só pra saber meu nome? - ela perguntou, levantando uma sobrancelha.

- Não, claro que não! - riu pra disfarçar o constrangimento. - Eu só voltei agora... Mas que bom que te encontrei logo.

- Nerissa. - ela respondeu, finalmente sorrindo.

Mas aquele sorriso misterioso inquietava Angelo.

- Meu nome é Angelo. Aquele que estava comigo antes é meu irmão, Niccolò. Será que... Você aceitaria andar um pouco comigo por aí, pra conversarmos?

Aceitando o convite, Nerissa começou a simpatizar mais com Angelo quando notou que na verdade ele parecia estar mais tímido que ela.

- Hm... Você mora aqui perto então, né?

- Sim. E você?

- Estou naquele casarão perto de um lago, mais a frente daquelas macieiras... Vê? - apontou.

- Ah, sim. É uma casa muito bonita, já passei por perto dela algumas vezes.

Mais um longo momento silencioso se passou, e Angelo se estranhava por não estar sabendo o que dizer. Normalmente ele lidava bem com garotas e não tinha problemas em conhecer gente nova. Mas a presença de Nerissa o deixava um tanto nervoso.

- Desculpa por isso. - ele riu, balançando a cabeça. - Eu sei que devo estar parecendo meio esquisito, e... Normalmente não sou assim.

- Hm?

- É... Não quero que você me ache estranho. Eu só queria te conhecer mesmo... Fiquei curioso quando te vi andando hoje à tarde.

- Vamos nos sentar ali, então. - ela indicou um banco rústico feito a partir de um tronco mais a frente.

- Você não está atrás de mim a mando da velha, não é? - ela perguntou diretamente, assim que sentaram.

- Velha? O que? - mostrou-se genuinamente confuso.

- Yubaba, minha mentora e com quem moro... Bem, se você não a conhece, fico mais tranquila. - suspirou profundamente. - Essa doida tá com mania de tentar me arrumar um namorado.

Finalmente sentindo o clima se tornar mais descontraído, Angelo riu e começou a relaxar. A partir daí, conversaram normalmente, cada um falando sobre suas vidas.
Na verdade, quem mais falava era Angelo. Mas Nerissa era uma ótima ouvinte e fazia comentários inteligentes.

- Sinto muito pela sua avó. Se eu soubesse que você e seu irmão tinham ido ao enterro dela hoje cedo... Eu não teria sido tão fria com vocês. Desculpe.

- Tudo bem... - fez uma longa pausa, olhando distraído para a lua. Dessa vez, o silêncio não era mais algo que pairava desconfortavelmente entre os dois. - Eu só fico pensando como vai ser quando eu voltar pro Brasil, sabe? Ela cuidou de mim a vida toda... E agora vou estar sozinho cuidando da casa. E do meu irmão...

A garota se surpreendeu ao notar que Angelo parecia estar chorando.
Ainda que estivesse escuro, dava para perceber pelo modo como ele respirava e passava a mão nos olhos.

Nerissa segurou a mão dele, e o encarou diretamente nos olhos avermelhados.

- Ei, vai ficar tudo bem. - ela disse calmamente.


Sorrindo desanimadamente, Angelo concordou com um aceno de cabeça.

Os dois logo voltaram a conversar, e os minutos rapidamente se transformaram em horas.
Ele não se preocupava em voltar para a casa, pois tinha certeza de que a mãe nem havia notado sua saída. Quanto a Nico, deixara um rápido bilhete ao lado de sua cama avisando que sairia em busca da menina de cabelo cinza.

Mas ainda que a intimidade entre os dois houvesse crescido de forma anormalmente rápida e que ambos estivessem tão entretidos um com o outro a ponto de nem notarem que já havia passado da meia noite, Angelo conscientemente evitava falar sobre sua volta para o Brasil.

Até que ela lhe fez a pergunta que temia.

- E então, por quanto tempo vocês ainda vão ficar aqui? Se o Nico gosta tanto de gatos como você disse, ele realmente precisa ir lá em casa! Ainda mais que nasceu uma ninhada nova... - comentava animada.

- Então... - olhou para baixo, pois sabia que ver o sorriso dela o faria perder a coragem. - Vamos voltar amanhã mesmo. E não faço ideia de quando eu poderia vir a Itália de novo, porque não temos dinheiro nenhum. Nossa mãe não envia quase nada, mal dá pras contas e comida...

- Amanhã? - ela repetiu, descrente e com a decepção nítida no tom de voz.

- Mas... Eu tive uma ideia. - Angelo disse impulsivamente. - Vem pro Brasil com a gente!

Nerissa arregalou os olhos, surpresa com a proposta.
Mas estava ainda mais surpresa por ter se sentido inclinada a aceitá-la imediatamente.